segunda-feira, 5 de abril de 2010

Conan

Definitivamente, quando penso nos meus personagens favoritos da literatura, entre muitos outros, alguns periódicos e outros de longa data, pelo menos um nome sempre aparece muito vivo: Conan, o cimério.

Por exemplo, estou lendo agora O apanhador no campo de centeio, adorando Holden Caulfield. Caulfield é um personagem que permanecerá na minha mente durante algum tempo, pensarei nele, escreverei qualquer coisa pensando nele, comentarei sobre ele, e um belo dia, ele desaparece. Reaparecerá quando encontrar, por acaso, o nome dele na Internet, ou quando estiver bisbilhotando os clássicos de uma livraria ou biblioteca; atitudes semelhantes, nada mais. Ele é, se de muito especial, feito em nada. Não é difícil ver esse fato o tempo todo: aquela garota quente que já foi o seu delírio, ainda lembra o nome dela? Duvido. É o fulgor repentino da volúpia, a paixão, intensa, tão breve!

De modo diferente acontece com o bárbaro. Conan é um sujeito que me impressiona. No duro mesmo. Desde a infância, na adolescência, na maturidade... Conan é o tipo de cara para quem eu acenaria na rua, com a cabeça, cumprimentando cordialmente e com sinceridade e entusiasmo (eu não faço isso, nunca, com ninguém). Meu respeito não é uma afetação afeminada, eu não estou preocupado com os peitos nus e morenados do homem das selvas frias do Cáucaso, é coisa diferente. Conan expressa em muitos aspectos uma atitude resoluta de uma nobreza, embora vulgar, e de um orgulho, embora selvático, com uma magnitude... Coisas que a Revolução Francesa e o Romantismo fizeram morrer (morreram em tempo, claro). Aquilo que os antigos entendiam por virtude viril; elemento fundamental para a concepção clássica e primitiva de nobreza. A identidade do indivíduo diferenciado, superior. Algo que a concepção de “direitos humanos” abomina. Também, não poderia ser diferente; Arte é Reflexo; os dedos que pintaram Conan eram texanos, depressivos, furiosos e céticos, misantropos; Conan era a violência escondida de Robert Ervin Howard. Pintura bárbara de um espírito bárbaro, eu também sou bárbaro.

Lord Henry Wotton, que me impressionou como um tolo Basil na minha adolescência, Quincas Borba com meus antigos sonhos acadêmicos, o pequeno Sérgio, o valente Xisto e o Rei Arthur na infância, o saudoso Musashi... Todos passam, surgem e reaparecem, mas o antigo rei da Aquilônia, pirata, soldado, corsário, bandido, justiceiro, sim, ele permanece.

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