A coisa toda começou na minha infância. Violenta. Una uma criação problemática ao nefasto de uma patologia e você terá um sujeito como eu. Pratiquei e sofri bullying, passei por psicólogos, frequentei reformatórios, fui preso.
Dependendo de pessoas como a tal Ana Beatriz eu passaria bem a vida apodrecendo em uma solitária.
Acontece mesmo que eu não sou normal, comum. Vivo em vazios e extremos. Passo da apatia ao mais alto grau de agressividade - acumulando motivações subjetivas, sem dissipação apropriada (dizem). Eu sou perigoso, eu sou recatado e tenho alguma cultura, eu vivo sozinho.
A solidão em fato é diferente do imaginado popular. Poucas pessoas conhecem alguma solidão além de um mal-estar episódico ou qualquer decepção sentimental. A solidão é como nos romances de Hermann Melville.
Reunião de grupo toda Terça. Meu único compromisso. Sou pensionista, dependente da minha família, mas vivem lá as vidas deles. Eu vivo a minha vida.
E todo dia, todo dia, é mais de muitos ainda, no maior dentre os tédios; o tédio feito da contínua aflição. Ininterrupta.
O cobrador, com seu troco errado. O esbarrar na rua. Os gritos, dos vizinhos. O ladrar dos cães. E tocam minhas paredes, e minhas roupas, e minha mão, e ofereço meu sorriso forçado, por vezes, mas não me incomodam. Nem com meus sacos pretos pelas noites.
Em um quarto separado. É uma matéria que eu gosto de manter discreta; e não comento sobre ela nos encontros. Bem, bem lá. Deixando os livros, os remédios, e a TV ligada para escutar conversas. Bem, bem ali. Tenho minha faca, e minha mesa. Cheiro de açougue, ruim até se habituar. bem, bem aqui. Horas, horas, dias. E assim vou levando.
Temos poucos gatos, pelas redondezas.
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