O caso é que eu sou um detetive. Quase dedetizador em um
sentido mais exato. Lido com um dos problemas metropolitanos menos convidativos
ao debate público: mistificação ilegal.
As cidades crescem. Velhas florestas morrem. Locais sagrados,
seres protetores, ritos: a civilização tudo traga. E quando em vez algo
regurgita.
Um espírito de riacho louvado por nativos em
dado ponto é cercado por muros. Asfalto. E seu rio é drenado. Os sacrifícios
deixam de vir. Ele se transforma.
Degenera. O menino-do-pé, ou a moça-de-rio, tomados em barro, gasolina, óleo,
produtos tóxicos pelo esgoto. É alterado em elementos porosos, rudes, escuros.
Aquele ente simpático vira um monstro espectral causador de distúrbios. Existem
muitos por aí. Esgoto, Urbanismo, Infestação... Quase todos conhecem meu rosto.
Veja bem: eles não morrem, são retraídos.
Caras como eu ganham 3 míseros salários mínimos pra isso. Um carro de patrulha, poucos e gastos equipamentos de caça espiritual. E
o porquê de aturar um serviço louco desses? É complicado responder.
Um comentário:
Gosto!
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