João K. Acordou e por fim escreveu e entregou uma carta. Carta entregue, sem promessa de retorno, assim como fez todos os dias desde então, até a morte.
As cartas de João K. eram entregues a sua amada Beatrice. Beatrice. Beatrice que por uma vez, em um passeio público, com um leve sorriso no rosto, desejou a João K. – Bom dia! – Observando-o com a mais branda, serena e sincera honestidade que João K. experimentara em toda vida. A mesma Beatrice do colégio, a mesma Beatrice que sentava atrás de João K. pedindo cola, a mesma Beatrice que namorou seu amigo Humberto, a mesma Beatrice que casou com Humberto, teve filhos, viu netos, morreu.
E em todo tempo João K. esperou. Esperou pela amada. E desde aquele inesperado encontro no passeio público, quando ainda contava com 12 anos, passou a pensar em escrever uma carta a Beatrice, confessando seu amor. Esperou que sua amada estivesse livre, por respeito aos bons modos e ao amor de Humberto, seu amigo... E esperou...
E toda Quinta, pela manhã, depositava uma carta em seu túmulo. Cartas de amor, e esperança e paixão. Cartas levadas pelo vento ou destruídas pela chuva.
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