Quando comecei com essa de escrever meu tema favorito era loucura. Paradas psicológicas, divagações quase clínicas da coisa. Tenho cá muito material meu sobre o assunto. Contos, prosas poéticas... Loucuras. Depois de Stendhal e Dostoievski, dando foco em James Joyce, a literatura caminhou firme e forte por esses mundos interiores. Mexidos.
Estava aqui ontem assistindo o novo filme do Nolan, Inception. O filme:
"Um cara com a habilidade de entrar na cabeça dos outros. Boa parte do filme é dentro da cabeça dos outros. E no fim a origem de todas as informações, a personagem central, os sonhos, corredores rotativos, tudo é uma ilusão. Uma espécie de Matrix a quinta potência. A realidade é uma ilusão, e a ilusão uma ilusão maior. Deixamos o filme sem saber se existimos mesmo"
Parece uma obrigação para qualquer trabalho-cabeça atual uma gama de sujeitinhos esquizofrênicos. Na arte comercial, na contra-cultura. Todos são maníacos perturbados. De um modo geral, quase todo mundo escreve hoje em delirantes eu-líricos. Basta um olhar atento... a arte pós-moderna é tão problemática e sufocante quanto a vida real. Pós-moderna.
Sinto falta de ler algo apenas para relaxar, de vez em quando. Não só ao reino da "arte ruim" as tranquilidades da vida são direcionadas. Cenários de rotina, bem observados, pessoas comuns, espirituosas, alegres, ambientes abertos.
Um excelente exemplo: Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Uma delícia de texto, principalmente pelas personagens. Autênticas, e ao mesmo tempo plausíveis. estigmatizadas, sim, mais por carência técnica do que por intenção, sim, porém, em tempos de loucos, alguns ajuizados fazem diferença.
O mesmo vale para Conrad, ou Pamuk, hoje. O "psicologismo fraco" de Lya Luft também.
Em suma, não quero hoje enquanto apreciador algo bobo, mas também nada muito profundo (por vezes, abusivo): Quero algo como os trabalhos de Miloš Forman.
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