segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Notas sobre o Socialismo

O que é o socialismo? O socialismo tal como ele é confessado hoje foi codificado pelo intelectual alemão Karl Heinrich Marx. Chamado de “socialismo científico”, embora apresente claras premonições sibílicas sobre acontecimentos futuros, ou Comunismo, ou em seitas personalistas como Maoísmo, Stalinismo, leninismo, entre outras mais ou menos semelhantes. Toda a base do pensamento, entretanto, é fruto direto de Marx, e a base representa exatamente: Crítica a sociedade capitalista (democrática, de competição e livre mercado), crença em uma futura sociedade comunista (na qual o trabalho é glorificado e todos são iguais), afirmação e incentivo a revolução violenta, estabelecimento de uma ditadura do proletariado (algo como um Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, por exemplo). Para Marx a sociedade ocidental européia de seu tempo havia entrado em um tipo de sociedade além da sociedade feudal, a sociedade capitalista, e após a sociedade capitalista naturalmente, e paradoxalmente também através da revolução violenta, seria estabelecida a sociedade socialista, e dela ao comunismo (modelo social não muito bem detalhado). Marx entende a historicidade como uma emanação de um Destino; não um destino metafísico, mas um Destino exercido pela ação do trabalho humano, e que estaria automaticamente levando a humanidade a um estágio melhor. Tal “destino iluminista filosófico” já fora antes dele anunciado por pensadores como Fourier, Condorcet, Comte e Godwin, também seu ideal de sociedade igualitária fora antes idealizado por Rousseau e Morus, sua visão determinista de História antecipada por Agostinho, Hegel e Bruno Bauer, o uso do termo “capitalista” antecipado por Proudhon, e sua teoria do valor-trabalho nada além de releitura das premissas de Adam Smith e David Ricardo. Marx estranhamente cita pouquíssimas vezes todos esses precursores; alguns aparentemente ele fez questão de ignorar, embora não seja ignorável que tenha lido e aprendido deles.

Sendo assim para Marx existia uma força chamada o trabalho humano que guiaria a humanidade e que não estaria em alguém em particular, mas no coletivo, e principalmente no coletivo trabalhador, quer dizer, nos funcionários mais básicos de uma sociedade. Poderíamos pensar então que não existe relevância no “alguém em particular” na filosofia de Marx – Estaríamos certos. O indivíduo é desprezível para Marx, e exatamente assim agiram seus adeptos, ignorando a individualidade natural das pessoas. Se a concepção de política, economia e sociedade de Marx fora uma miscelânea de seus precursores, seu ideal de humanidade era fruto direto de um pensador só: Ludwig Andreas Feuerbach. Para Feuerbach, autocunhado como “novo humanista”, a verdadeira religião dos homens deveria ser o próprio arquétipo do homem. O Homem, para Feuerbach, era a coisa em si, quer dizer, acima de todos os homens existira uma realidade metafísica – Leviatã, como diria o maquiavélico Hobbes – E essa realidade seria o Homem. Sendo assim, poderíamos pensar, em prol do Homem, assim como em prol dos deuses foram feitas cruzadas e inquisições, também pelo Homem cruzadas e inquisições poderiam ser feitas. Sim, exato, em prol do Homem, em prol do socialismo certo e futuro, e ignorando o realismo das coisas, o socialismo foi, e ainda é, um pensamento que varia de uma oposição fervorosa a tudo que não lhe agrada a uma ditadura intolerante. Como o próprio autor salienta no texto, em todos os lugares o socialismo representou a mesma opressão e foi igualmente abandonado quando as pessoas oprimidas experimentaram um pouco de ar de liberdade; inexplicavelmente a teoria perfeita foi uma prática incoerente rigorosamente em todos os lugares.

Tendo em vista minha pequena exposição, e que poderia ser mais ricamente entendida com a leitura do libertário maldito e dissidente Max Stirner, seria impossível para o socialismo supostamente real ser o efetivado ao invés do “incorreto socialismo” do século XX. Ao mesmo tempo em que ele promete uma utopia, uma realidade melhor do que a evidente, também ignorada que o trabalho humano não é uma besta invisível, mas uma coletividade feita de indivíduos, pessoas diferentes e únicas pelo direito natural garantido pela variabilidade genética. O socialismo, em última análise, é um ideal irremediavelmente fracassado.

Nenhum comentário: