domingo, 25 de julho de 2010

Questões

Eu sinto que algumas pessoas no cenário artístico brasileiro simplesmente entendem que ser artista é obedecer as tendências simbolistas de arte dominantes no nosso pensamento estético. Parece que, não sei, um sul-americano mestiço precisa falar de sexo e lixo, enquanto um europeu ou yankee pode argumentar qualquer "assunto elevado". Muitos aqui argumentam sobre o assunto (A literatura nacional está cheia de bons cronistas), mas existe diferença dos bons cronistas do cotidiano, e alguns aqui são bons, desses sujeitos incapazes de tratar qualquer assunto menos popular com alguma necessária profundidade - São justamentos os primeiros fariseus safados, raça de víbora, espíritos de porco tacando pedras. Almas de senzala poliundo todos os lugares.

O aspecto apolíneo da arte, o emocional solitário, a loucura (embora eu venha abandonando a temática), o estético enquanto recurso filosófico, a narrativa argumentativa (muito particular no século XIX), o engajamento político, o racionalismo... São aspectos que pessoalmente me agradam. Se alguém não gosta disso e se sente ofendido, sinceramente, desejo um singelo FODA-SE. Não vivo de escrever, não estou preocupado em agradar todo mundo, existem muitos leitores e muitos escritores e muitos estilos no mundo. Não sou missionário, nem jesuíta, muito menos baluarte de alguma porra. Não devo satisfação a puto nenhum.

Disse Villa-Lobos que entendia que um alemão produzisse uma obra mental, mas não um sul-americano. ???

Acredito, sim, no Instinto de Nacionalidade.

sábado, 17 de julho de 2010

Agridoce

Habita meu peito um amar agridoce. Amo quão lobo, árido, um olhar claro; tão me exulta, quanto me abandona. Eu. Tantas vezes blasfemei teu nome, Sentimento, tantas vezes fiz-me mudo. Sôfrego. Danado de ilusão, alvo de mim, declinando-me então. Abandonou-me as graças...

Em tal zelo foi me dado um amparo cândido, tímido. Regaço d'amanhã, fluindo em rio límpido ao meu vale escuro. De uma seiva nutrida, porém difícil. Nele cantam pássaros, graves e esguios. Córrego de meu sonho, amado e amigo. Vem-me distante, contíguo ao meu necessitar... Desejar? Há! Dai-me vida mais!

É a palavra curta de uma comoção, é um pensar claro, um criar belo. Meu regaço, meu rio. Limiar. É quando me encontro, inteiro, em nós; Alegria. Trás Alegria. Cândida, minha pouca Alegria.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Encouraçado


"Anelo, couraçado, ao destruir de ondas.
Anelo, encouraçado, reluzir, das chamas... (...)"

O mar já não é como outrora, o tarantar continuado dos charcos, apedrejados, clama velho sentido de alerta. Duas, são as mãos do Destino; relembra meu bramir interior, e com uma a destruição procurada, a destra, e com o sinistro a misericórdia.

Agarra-me sinistro!

Moço, jovem, fresco de sonhos, calejado pelos monstros marinhos, pelos monstros, nos homens, envelhecido, constrangido, vertendo em tenebroso tempo, coragem de vida, ou de morte. Vertendo pelos ventos, pelas ondas, nas rochas. Erguida muralha de pedra, resiste ao mar, erguida e por ela, em frente, sem temor ou terror.

" (...) Suprimido de raiva, resistência, bravura.
Entre as pedras do rochedo, de qualquer praia".



Foto: The Gust, Willen Van de Valde.