quinta-feira, 24 de junho de 2010

Do discurso eficiente

E escrevia, peripatético, velho ascético, mestre, antes de queimá-los, em brasa, seus breves textos.

Princípios sobre o discursar eficiente:

I. A atitude é tudo. Um olhar firme, um porte confiante, um falar bravo e claro representam autodomínio e poder. Atitude é elemento de ousadia, ousadia é qualidade intrínseca. Ninguém aprende a ser ousado.

II. É necessário considerar que o debate é, per si, um ambiente no qual a ambivalência determina a verificância, ou seja, e propositalmente prolixo, na ausência de uma determinante, o "parecer" passa por "ser". Em outras palavras, o "vencedor" é quem faz parecer real seu pensamento independendo, mediante, sua capacidade de confirmá-lo.

III. É fundamental dominar o assunto com o qual decidimos argumentar em todos os seus aspectos, mesmo os contraditórios. Entre o douto e o mouco existe a distância do preparo, do vigor e da eloquência. O desconhecimento dos argumentos alheios enfraquece a resolução sobre os nossos próprios.

IV. Graçola, ironia e sarcasmo são modos de argumentar. Graçola é dizer a uma dama que ela é linda, principalmente quando está maquiada. Ironia é quando dizemos ao professor que ele, calado, ensina melhor. Sarcasmo é quando confiamos na estupidez de nosso adversário para garantir nosso divertimento.

V. Exteriormente, muitos são os métodos de convencimento. Apelar ao humilde, louvar o bravo. Daí o equívoco comum do "deixar-se levar". Por dentro, consigo, o bom orador não permite confusão. Ele precisa permanecer sereno, para si, para então argumentar com clareza e justiça.

VI. É preciso perder de vista o "bônus da maioria". A maioria continuamente prefere o mais fácil ao de melhor ventura, e aquilo que muitos pensam hoje, será uma tolice sem tamanho amanhã. Sendo honesto, o bom orador prefere dialogar com alguns, porém bons.

VII. Mentir propositalmente é o maior dos malogros. Uma mentira gera necessidade de outra, e assim, uma cadeia de inverdades. É mais sensato relevar a sentença VIII.

VIII. Entre a dúvida e o silêncio, o silêncio é sempre melhor. Um argumento utilizado sem cuidado pode levar ao chão toda uma estrutura lógica coerente até então. O silêncio, todavia, representa cuidado, indiferença ou por si a indecisão. Qual a vantagem do silêncio? o benefício da dúvida.

IX. Ninguém deve temer sustentar pensamentos excêntricos. Todo pensamento já foi excêntrico. É bem verdade, como já disse o pensador.

X. Imprudente é acreditar em regras ou módulos absolutos para qualquer atitude ou ação ou modo de pensar na vida. O indivíduo incapaz de inferir sua própria personalidade nas questões que experimenta será sempre apenas mais um.

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