sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Clube Bel


O Clube Bel. Você nunca entrou – nem deve conhecer. Ou ouvido falar.

Na entrada de um antiquário em uma rua sem qualquer atrativo bem na confusão do Centro um mulato em branco, encostado no muro, olha desdenhoso o fluxo da rua. Nas imediações do Lavradio. Ele é um guardião. Morto ou vivo, demônio ou anjo, um guardião é algo que vigia algo. Um batalhão inteiro de soldados bem treinados não fariam nosso amigo de sorriso frouxo suar.

                                                - Cubano, suponho.

           - Tão cubano quanto Fidel - Ele não aceita falsificações, ou mudar de fumo.

     No interior do antiquário panelas, quadros, velas, armários da época do Imperador ou ou mesmo do Rei. Utensílios dos mais frívolos aos olhos descuidados de algum curioso inofensivo bisbilhotando a velha loja; sobressalto, rápido pensamento de deixar o gás aberto em casa e o incauto sai esquecendo pouco depois da loja insossa. Cada utensílio frívolo é um sigilo, um totem e uma pedra de marcação. Armadilhas das mais variadas para inibir e destruir atividades paranormais animosas – e afastar gente simples. No balcão o mesmo velho distraído lendo um livro de Rousseau. Bem antigo. Verdadeiramente, de quando vivo o filósofo: o velho é outro guardião.

                    - Faz tempo que não aparece, paladino.

                     - Bastante.

- Deixar seu companheiro de fora foi sábio. Muito sábio. Aquele meio-elfo não conhece discrição, e está nos devendo. Ou melhor, devendo o patrão.

                     - Ele pagará. Ele sempre paga.

- Claro... – o velho inclina o pequeno espelho largado no balcão, luz vermelha emana dele indicando um inesperado corredor lateral – por ali e bem vindo ao Clube Bel. Cuidado pra não se queimar, detetive.

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