sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Isaías

Que me interessa a quantidade dos seus sacrifícios? - diz Javé. Estou farto dos holocaustos de carneiros e da gordura de novilhos. Não gosto do sangue de bois, carneiros e cabritos.

Faca, suor, caimbro em depredação e morte.
Pedra de toque e altar, para experção de angústia;
miúda, contrita. Canalha, maldita.
Teu passar só, lento e lívido,
entre essa gente desgraçada, lugar desgraçado;
lagar, de pobres vinhos.

Teu espírito alerta,
e na desgraça clama.
"Não, mas sou".
E de interior, escuro imundo,
escutas tua voz, imunda soturna:

"Sou o demônio, e a própria sombra de demônio,
O Inferno, e o ódio do Inferno.
Ódio, imenso, perpétuo.
Sou tua Sombra, tua carne, tua vida;
sou tua mentira, tua fraqueza, ferida,
sou tua falta de fé,
em ti, desgraçado
e Pecado".

O empobrecido, que não pode oferecer tanto, escolhe madeira que não se apodrece; artífice sábio busca, para gravar uma imagem que não se pode mover

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