terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Casaca azul; rosa vermelha

O calor do vento na varanda, a escuridão rubra que despenca o Sol. Aqui vai tudo como naquele verso, Pagu:

"Quanta luz
agora os olhos doem
o quintal está no mato
e antes haviam flores"

Pensar na vida, eis o paradoxo do viver consciente. Sentir a vida, tão mar de inumeráveis risos: o carmim do sangue, e o carmim da rosa, vitórias, derrotas. Sentir, sentir o idílio de um fim de tarde amarelado. Lírico, eu não sei, fico aborrecido com fins. Assim os singelos. E penso em nosso silêncio.

Com os braços debruçados, o último cigarro do dia, meus pés dilacerantes agonizando algumas noites não dormidas apropriadamente e péssima alimentação despreocupada. E que seja! Não me pega a melancolia quando não estou disposto, bem sabe. Ando disposto ao silêncio e ao grito, e sempre. Legião toda lá dentro (ainda escuto). Não percebo a letra. A melodia entoa... Tímida. Estou falando muito mais comigo mesmo, acho. Gosto de monologar, é o meu panegírico, Carinho, ou não é? Gostamos de imagens, fazer imagens. Eu sou minha melhor imagem.

Mas sabemos, algo está fora do lugar. As paredes e o declinar das matas, e o Sol tão quente, e a vida que teima e teima. Qualquer lugar. Tudo segue obscuro, e os meus dias são quase noites. Olhe a luz fraca, e que paira; nas fotos do Norte e na esperança do mar, e o porto que singra. Átrio Caiado, que jaz em penumbra, com meu anel e casaca azul como bom nibelungo estremeço nos ossos também em penumbra... Esperanças ausentes, distante Vitória, o consolo em pequenos versos.


Dias vindouros. Tempestade e ímpeto. Do Dom.

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