sábado, 12 de fevereiro de 2011

Fábula de digressão - Vida e morte; sonhador.


Abstraía-se nos jardins suspensos da eternidade, alto e largo e imortal, seus olhos viajam pelos mais distantes céus, e suas mãos quietas moviam montes e montanhas, plantações e sementes, o mover da lua e o migrar do Sol. Em jardins suspensos, no perfeito castelo de cristal. Diamantes, adornando o rei final.

Abstraía-se nos altos montes carpados, nos mais pensamentos elevados, nos desafios, na ascensão e na glória - divina glória - memória perpétua de um viver eficiente. Em muralhas e escadas elevadas, de velhos cavaleiros, nos vales de muitas vontades.

Abstraía-se nos múltiplos sentimentos, nos múltiplos momentos, nas variações e nas alterações, nos entremeios de clamores, nos frenesis das feiras humanas, nas exóticas sentenças, nas absurdas clemências, nas conformadas maneiras. Nas aldeias cruzadas pelos rios, pelos tempos, pelos momentos.

Abstraía-se no solo, no cantar de pássaros, no jardim da quietude, no casebre de uma pequena virtude, no contínuo esperar de mais um Sol, e na singeleza de mais uma morte. Perene, regalo, sombra. Deixado um pequeno monturo, adornado com as flores e as pedras dos montes, e feito no trabalho dos homens: um singrado altar pessoal.

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