segunda-feira, 28 de março de 2011

Jardim Suspenso



De certa maneira, o Natural me comove mais que o Humano. Uma montanha coberta de névoa, um dia de Outono em seu crepúsculo, os pássaros em suas rondas. Elevam meus sentimentos. Mesmo a fúria dos ventos, as longas chuvas de Março. Se não suporto seus extremos, é por caminharem próximos de meus próprios extremos. Há, minhas dores gentis com as tantas flores, e os golens e alquimias da vida nos mundos murados. Gosto de me retirar para o silêncio das coisas, assim, na solitude da mente e na quietude da sinfonia baixa baixa das Cordas.

Subo por pensamentos, e os degraus de musgo de um jardim suspenso...

Caminho e vejo um lago, na superfície lúcida um rosto, parece triste. Gostaria de poder tocá-lo... Distante. Estaria nos vales? Nos campos, abertos? Parece rubro, carmim, parece uma flor de jasmim, algo como um olhar; desviando o olhar. No profundo silêncio das profundidades, no recôndito sigilo por detrás das telas d'água. O reflexo releva sombras que não me atrevo perscrutar. A imagem de uma mão, uma casa, reunião e festas, gestos e cerimônias, Sol e brisas frescas. No pequeno lago, nas alamedas de um Jardim Suspenso.

E os passos falham, na terra remexida, e as flores e plantas parecem subir, com os degraus, enquanto desço...

E é o mundo dos muros. Imediato, empírico. O empurrar dos transeuntes na estação. E vejo mais atentamente a imagem do panfleto: "Viagens dos seus sonhos, conheça o Paraíso, está aqui".

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