segunda-feira, 29 de março de 2010

Assim são as coisas tais como são

Acontece em primeiro lugar, a separação psicológico (ou mesmo fisiológica) fundamental entre o homem e a mulher, tão essencial à variabilidade genética e ao que chamariam os atuais cientistas ingleses de espaço memético: A disparidade da compleixão sistêmica do conjunto emotivação/racionalidade.

No homem, muito certamente o sexo "posterior", e, primitivamente, dedicado às atividades de proteção e afirmação do grupo, existe uma segregação necessária entre os impulsos internos e as resoluções internas mediante as necessidade ocasionais. Seria preciso acasalar, outrossim, colocar o alimento, proteger a área...

... O efeito posterior disso é que nos homens - E isto eu afirmo pelo fato de ser homem, ser habilidosamente introspectivo e ser honesto - existem fronteiras concretas entre a emoção e a razão. Não é leviano levar em conta o dualismo e o desenvolvimento filosófico da humanidade (feito até bem pouco tempo atrás completamente por mentes masculinas).

Com as mulheres entramos em um outro campo. O sexo feminino é o XX. A função feminina é efetivar a proliferação da espécie, e, no caso primata, o cuidado direto da prole. Falando em um viés naturalista, é da mulher os trabalhos intrínsecos da espécie.

Unido a isso, existe a preponderância psicológica do caráter masculina nas sociedades humanas. A mulher precisa frequentemente submeter-se às suas condições essenciais para ocupar uma posição aceitável no mundo. Antes tanto na teoria quanto na prática, hoje, na prática. A mulher precisa ser a mulher, mas não pode ser mulher demais ou mulher de menos... Ou seja: Precisa se submeter aos homens, mas não pode ser devassa, ou caridosa demais, mas sem ser frígida...

Nossa liberdade de pensamento vocês ainda conquistam, nosso legado de segregação de emoção/razão não poderiam obter... Acontece então o fenômeno visível:

A maior parte das preocupações femininas, embora não seja uma unanimidade, está relacionada ao âmbito mais florescido na proliferação da espécie (tarefa imanente declinada ao sexo feminino): Sexo. As mulheres são vaidosas sexualmente em demasia, rivalizam-se sexualmente em demasia, vivem muito mais as minúcias das relações humanas do que os homens. Nós outros, em maioria, somos pouco vaidosos esteticamente, porém bastante práticos e arraigados a nós mesmos... E é esse o tipo, subjetivamente, ideal a todas as mulheres. O homem assim equilibra suas convulsões interiores. Tal mulher, qualquer mulher, que esteja no âmbito "não mulher-demais, não mulher-de-menos", pode satisfazer um homem no âmbito racional, e geralmente no emocional também.

Em suma: Existe menor distancia na mulher entre emoção e a razão do que existe no homem. Mas, na prática, isso é assunto naturalmente resolvido.

(...)

Existe porém nos homens um fenômeno raro, e que pode ser mais ou menos relacionado às mulheres da maneira que segue:

Em alguns homens a distância entre a razão e a emoção é ainda maior. Fenômeno percebível, porém ainda não devidamente compreendido. Homens assim são aqueles que ultrapassam as preocupações mais temporais e imediatas e começam a dialogar, internamente, sobre preocupações mais duradouras, mais distantes. Capazes o bastante para observar o mundo ao redor com liberdade de discernimento, e ao mesmo tempo sem o efeito contínuo dos apetites emocionais direcionando suas ações (coisa muito essencial nas chamadas pessoas comuns, e a causa do emblema intelectual dos "vulgares"). Podem suplantar suas apetites com maior facilidade do que o homem comum, e do que a mulher. São em grande maioria os nomes famosos, as estátuas, os autores... Os imortais... Mas não apenas eles, porém, muitos outros anônimos, mortos memorialmente como todos os outros.

Na mulher o fenômeno análogo é aquela que, mais do que as outras, sente a confusão emoção/razão mais intensamento. Vejo isso nas principais mulheres da História; de Safo, até a presidenta da Argentina (rs). Mulheres assim, e gostaria de destacar a grandiosa Mary Shelley, poderão voar muito alto. Terão a mesma força dos homens diferenciados? Acredito que não (A História não mostra assim, excluindo, talvez, Joana D'arc), pelo menos não em uma comparação genérica de grupos, porém, em alguns casos, poderão muito bem alcançar patamares inalcançados.

... Agora já não posso dar opiniões sobre coisas que não sinto na pele...

Nos homens diferenciados, e estou dizendo isso porque me parece muito essencial que entenda o meu dilema, é um desafio malogrado o movimento inverso aos seus ímpetos diferenciados... Voltar-se ao emocional.

Sentem? Sentem, sentem muito, sentem demais. São capazes de descrever seus sentimentos com muito riqueza, compreendemos sensivelmente com maestria.

Mas e quando lidam com seus apetites mais fundamentais? Então se amedrontam. É o suplício maior tentar retomar a uma posição de igualdade, de coletivismo maduro e necessário, lidar com os camponheirismo (A amizade, coisa absoluta e mui bela do gênero humano) e ao sexo (a reprodução, o acasalamento, a sedução, o apetite... Então, o romance).

Tentem a racionalizar tudo, agir dentro de um campo de claridade, com os olhos abertos, vivificando suas inquietações nos outros. Não são capazes de se guiar pelo ímpeto mais gritante, ao comportamento automático essencial ao acasalamento...

O que vocês chamariam de "não ter medo da paixão", "se entregar",
"ser normal"...

Incapazes de agir do modo fundamental, se inquietam, ficam taciturnos, amargurados, começam a ver em qualquer mostra de afeto algum tipo de flerte, uma possibilidade para solucionar esse crescente incômodo.

Claro, todos, ou quase todos, conseguiram resolver esse problema... Mas outros não... Talvez por influências e experiências de vida...

Falo aqui exatamente de Beethoven, Nietzsche, Platão, Heráclito, Kafka, Machado de Assis em algum nível, e, acredite, o teu próprio Lima Barreto.

As coisas assim são. São reflexões muito fundamentadas em muita vivência pessoal, leitura e observação do comportamento animal (humano).

Então são todos perpetuamente solitários? Fadados a uma solidão intransponível?

Não quero responder a essa pergunta. Diferentes? Sim, mas humanos, mas mortais, mas também animais sexuados e necessitados do companheirismo. A Vida assim, nessa contradição, é algo que eu não posso explicar.

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