quinta-feira, 1 de abril de 2010

Imagens

Meu papel de parede representa um quadro japonês chamado “Casa de chá em Koishikawa depois de uma nevasca”, de 1832, de um nipônico honorável, Katsushika Hokusai. Uma imagem simples:

“Próximo, está a casa de chá, e nela as gueixas um tanto alvoroçadas observam aves bem ao longe, no ângulo esquerdo superior da tela. Acompanhando a imagem, observamos que a casa de chá fica situada em uma posição superior em um pequeno (aos nossos olhos é pequeno) conjunto de casas formando um vilarejo (Koishikawa, enfim) de construções padrões, espalhadas entre árvores e próximas a um lago. Logo além do lago um monte garboso – É impressionante a fascinação japonesa por esses retratos de montanhas – e, acima do monte, seguindo em seu horizonte, as aves que fascinam as gueixas. Faz frio, tudo está coberto de neve”.

A coisa é toda simples e sucinta, despretensiosa eu diria. Não existe aí nenhum ensinamento supremo de Buda ou um segredo profundo do taoísmo ou confucionismo, nem uma bandeira nacional... É, de um modo exato, aquela atitude asiática (boa ou ruim) de estagnação contemplativa. Tudo falando por si, e em mímica.

... Posso ver essa casa de chá horas soltas...

Porém, nas horas soltas, não posso deixar de pensar em Van Gogh – Outro miserável – tão admirado da arte oriental. Também Schopenhauer... nem preciso explicar. Enfim, é curioso como nós, espíritos obscuros e profundamente melancólicos, desgraçados da vida, conseguimos gostar tanto de coisa que, também não negamos, é banal demais para o nosso ígneo Ocidentalismo. Heráclito riria disso tudo...

... Mas... Deixemos de lado a prolixidade e os mortos dentro dos caixões. O fato simples é: A pintura é excelente. Motivo? Ela é. Não se explica a Metafísica do Belo... Com toda sua simplicidade, funciona, com todo seu despropósito, toca a alma... Não posso deixar de amar a casa de chá de Koishikawa.

Talvez exista, sim, supremo ensinamento de Buda em tudo isso.

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