terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Caricaturas Reais - Um Pajem

Todo dia pela manhã o armador perdia de casa ao canto do galo, retomando o rumo sul ao mar, retornava ao mesmo velho promontório. Prostrando-se ali, e vigiava.


Nem sempre armador, nos velhos tempos guerreiros, quando nossa pataca ilha de recanto sofreu o abalo de muitas invasões, fora utilizado como pajem. Serviço de ordinária dificuldade, e não seria a mais terrível ordinária pouco em um espírito de aventura? "Filho de armador, neto de armador, tudo menos armar"; armava por dentro.


Ao primeiro serviço se prestou, na primeira coluna ingressou, partindo no perigo agitado pela esperança. Tempos árduos, e que desesperavam os brandos enquanto coléricos gastavam do próprio calor.


Ferida, sarada pelo desespero, noite, sem sono permanece, comida, pouco comer; a mais persistente resolução. "Pequeno insistente", diziam seus superiores, "pequeno insistente".


E a guerra cansou, pois tudo cansa qualquer hora. Retiraram-se os grandes e seus baluartes, sairam felizes mercenários com a guerra e todos os outros pela paz. Nosso pajem indagou seus até pouco aliados, "não sou mais pajem?", e escutou, "já não há pajens, acabaram pelos campos, e já não é tempo de pajem, mas de cortesão".


E se perde ao cantar do galo desde então. Principia ao promontório, desejando os furacões. Mas retorna ao fim da tarde, como bom armador, para armar.

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