domingo, 11 de abril de 2010

Revelações do tempo distante

"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo... Isto é carência! Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar... Isto é saudade! Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes para realinhar os pensamentos... Isto é equilíbrio! Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente... Isto é um princípio da natureza! Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado... Isto e circunstância! Solidão é muito mais do que isto... SOLIDÃO é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma". Chico Buarque.

Recebi hoje, daquela menina de quem falei. Ela é assim outra sofredora que já aturou muitos dos meus "momentos de devastação". Espero que esteja bem, lá onde estiver, com quem estiver. É isso, não é? Desejamos o abrigo dos amigos, a conversa animada nos bares, um alguém para amar, alcançar nossos objetivos, estar bem, ser respeitado (a). Desfrutar de um prazer, ser aquilo que se deseja, estar com quem gostamos... Lá fora está o vazio e o silêncio, fazemos música!

Olho para trás, vejo um mundo remoto, distante. Você dizia sentir falta de nossa turma... Eu tenho algumas recordações daquele tempo, também. Lembro das quintas pela manhã e meu gosto pela sua aula, sentia "ansiedade pela lucidez". Mesmo que por vezes, como hoje, eu me sentisse meio ridículo e indeciso quanto a sua opinião sobre mim; me sentia muitas vezes apenas como o "aluno-problema". Eu bem sei que construí uma fama negativa (meu agouro); seria justificável. Também lembro da minha sensação de entrar na faculdade - qualquer uma - Uma sensação de adentrar um espaço de evolução e conhecimento (sendo-o ou não). Como aquele quadro de Rafael.

Um dos melhores momentos da minha vida foi naquele lugar (solitário e intrínseco, naturalmente). Lembro-me:

Era uma feira cultural e naquele dia, uma quarta-feira, teríamos uma palestra sobre CinemaXHistória. O professor era eloquente, o auditório colaborou. Falava e mostrava filmes. No fim, para fechar a noite exibiu as cenas finais de Cinema Paradiso. Uma longa sequencia de beijos de cinema... Mágico! Filmes de todas as épocas, atores dos mais variados, emoção e ímpeto...

Durante muitos minutos, muito além do fim da palestra, me senti um deus. Sobrehumano.

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