sexta-feira, 27 de maio de 2011

Dans le Port



Caminho ao largo com os cães vigilantes cruzando as ruas, as brumas, viandantes nas gruas, de uma noite bem fria. E os ares convidam: ao largo, descendo pelas visões distantes. Na névoa serena.

Em meu pensamento lembranças de minhas inquietações; desejos, demais desejos. Todas preservadas em meu notebook de textos, na mochila de outras inúteis iguarias; dobras dos historicismos analíticos, existencialismos de uma Ciência complicada, nos raros versos sentimentais, nas relações com minhas criaturas; amigos, contatos, carinhos, afetos; das quais sou criatura, nas trouxas das roupas, nos recortes registrados enfim, nos esboços perdidos de cá, nos móveis de tempos da velha paz.

Casas. E logo além, a sombra de nossos pequenos vales. Iluminado nos faróis dos carros, nas luzes de uma imitação de cidade. Enveredo pela noite, e em nossa planície, de vagas escondidas nas trevas, em áreas virgens.

...

Atrás o murmúrio branco. Vozes e notas de uma primeira despedida. Minha gente, minhas coisas, o lar acolhedor, as minhas notoriedades. O céu, escuro, de um caminho decidido. Seguir em frente e na mochila aquele meu pequeno mundo. Apenas. À certeza: É o ato que nos define. O decidido feito que nos marca. Daqueles meus tempos de amadurecimento, e eu pensava, e hoje lembro:

"Caminhar
Caminhar, caminhar"

Um comentário:

S. Quimas disse...

Há poucas pessoas que ainda teimo.
Uma belezeza essi aí!