domingo, 12 de setembro de 2010

Do Estilo

Estilo é aquilo que emoldura o caráter com a importante de um aro para um espelho. Quão betume trabalhado feito verniz, lustrando ao invés de escurecer. Se o caráter é absoluto, embrutecido ou machucado somente pela vida, é com o estilo que dele são formadas as singularidades ou a ausência delas, e que definirão a importante do sujeito, hoje ou amanhã. Importante é ter estilo. Estilo não se aprende. Ele nasce de nossa originalidade, e originalidade nada é. "Sou impetuoso e desembaraço minha fúria em notas agudas e dramáticas": tenho meu estilo mostrado. Não é meu estilo o ímpeto, ele é do meu caráter, se as notas são agudas ou graves, dependerá daquilo que me aprouver, e aí também não está meu estilo; na união, porém, encontro meu estilo. Variável, embora nem tanto, e impactante, profundo, vivaz, variando em variar.

Clímax é técnica, como imagens, e ideais, discursos, nada disso é estilo. Contradição, afetação, subjetivismo ou complexidade mal-intencionado; são falhas. Ele perpassa todas as circunstâncias e em nenhuma permanece. Ele nos contorna, exala de nossos poros e de nossos ossos, morre muda ou vida em nós.

Mesmo na poesia, quase música, mesmo na retórica didática, quase sem literatura, o estilo perpassa. Está lá, e quanto mais divulgado, mais percebível.

O estilo de meu cão era um teimar submisso todo dele, o de minha vizinha, por sua vez, perturbar; velha macaca, embrutecer a vida. E sobre o estilo de uma estrela, ou de uma amanhecer, não me parece outro se não encantar.

Nenhum comentário: