domingo, 12 de setembro de 2010

Fazer a barba

É coisa que gosto. Fazer a barba. É um momento só meu. Só eu e a navalha. E o mundo do lado de fora.

Até o advento da higiene estética e da nobreza ociosa, coisa que parece ser aprimorada em Roma, barba em todo o Velho Mundo era símbolo de sabedoria e poder. Excluindo os egipcios por questões climáticas e os nativos da chamada agora América, por motivos étnicos. Até os gregos eram barbudos, os persas, medos, africanos, asiáticos com suas barbichas. Zeus era barbudo. Jesus é barbudo, é ou não é?

O meu natural é um cavanhaque estilo Abraham Lincoln. Crescido demais, estilo Thoreau. Ligando o foda-se, estilo Machado de Assis quarentão. Quando eu for velho, será estilo Xerxes.

Enfim, em um mundo no qual os homens são tão *civilizados*, fazer a barba é como ir ao barbeiro - Banheiros públicos masculinos são agora comércio para fetichismo homossexual (cheios de números de telefones e piadinhas) - É um momento de relaxamento sexual. Nossa sociedade é neurótica, quem não fala em sexo o tempo todo é viadinho. No mundo antigo, é preciso aceitar, o fetiche ou a disposição de uma pessoa, fosse gostar de pênis ou vulva ou os dois, era coisa mais natural (nada é mais natural do que sexo). Efeito colateral das Religiões Tristes (Cristã, Búdica, Islâmica, Judaica).

Enfim... Fazer a barba, com navalha. Com jeito, é mais preciso e bem feito. Prestobarba, de marca ruim, é sôfrego. Agenda lotada, horários, muito pra fazer, Internet, encontros. O tempo nos escraviza por nossa vontade, aperta e sufoca, mas naquela manhã, apenas o Eu, a água corrente, a navalha e o espelho: Você desliga, por um tempo.


Pelo meu gosto, deixaria o Abraham Lincoln... Mas é necessária a civilidade.

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