domingo, 12 de setembro de 2010

Um poeta violento - Crítica com sopro imagista


" (...) Eu o chamo de o menino,
Mandando-o sentar-se de joelhos para escrever e selar esta,
E envia-lo-ei a milhares de milhas, a pensar".

Carta Exilar, Ezra Pound (trad. adp. livres minhas).


Abandonemo-nos de seus fanatismos ideológicos. Deixemos de lado sua loucura, seus extremismos, seus apetites de ígnea razão. Ezra Pound, crescentemente, é autor que mais chama minha atenção dos de lingua inglesa, no século XX.

De uma ousadia estranhamente dogmática, a poesia de Pound revela um frenesi e uma angústia muito característicos do século XX. Mais do que isso, nele já observamos uma espécie de selvageria, uma segunda maneira de lidar com a angústia vintista, varguardista para seu tempo (desejo seu, de fato).

Pound, platonicamente falando, com todo seu espírito aristocrata, com o redemoinho (Vortismo) de suas emoções e com o artífice de imagens fortes e um linguajar imperioso (imagismo), faz de si algo como os alquimistas medievos. Utiliza-se da poética de um modo obsessivo, com intuitos claros de romper barreiras, trapacear, não com a natureza, mas com o próprio homem. Um poeta violento.



" (...) Vai, livro natimudo,
E diz a ela
Que um dia me cantou essa canção de Lawes:
Houvesse em nós
Mais canção, menos temas,
Então se acabariam minhas penas,
Meus defeitos sanados em poemas
Para fazê-la eterna em minha voz."

(trad. adp. Augusto de Campos)

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