domingo, 12 de setembro de 2010

Geração Vertigo

Dia desses retomei antigos prazeres; uma edição dessa nova aventura da DC, revista Vertigo, uma série de pequenos recortes do selo em uma só revista. Na minha edição Lugar Nenhum, do Gaiman, mais Scalped, um dos melhores lançamentos da década, com Nórdicos, Casa dos Mistérios e, naturalmente, Hellblazer. Vivi muito tudo isso.

Eu sofri as melancolias de nosso perpétuo finito, Lord Morpheus. Vivi as aventuras de John Constantine entre cigarros, demônios e palavrões... Parecia retomar as mesmas impressões.

Desde sempre meu gosto é obscuro. Quando criança, gostava de desenhar demônios. Desenhar demônios talvez seja toda a minha arte. Na turma da Mônica, gostava da leviandade do Cascão e do oportunismo do Cebolinha, assim como com Tom, Dick Vigarista... Detestava os finais. Na adolescência a atração ao Gekiga, aos independentes e aos selos adultos americanos foi automática. Dos orientais, li muito Éden, Evangelion, Akira, e recentemente o excelente Death Note. Alguns desenhistas argentinos de fina crueza. Na América, Monstro do Pântano, Watchmen... Já existia ali um apaixonado pelo realismo, pela vida material, e ao mesmo tempo, alguém incapaz de abandonar o fantástico, incrível.

Se existe semelhança entre nós? Todas. Sarcasmo, cultura polifônica e atitude de contradição. Minha geração e Vertigo, da mesma época, fim dos anos 80... Fim do Sonho, Capitalismo hegemônico, contra-cultura, globalização em prática e vista, planeta como uma casca de ovo: Vertiginoso.

Mas, fora isso, lá estava Constantine... Casaca amarela, cigarro na boca, sarcasmo... O mesmo John de sempre.

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