segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Confissões de Alvoradas


Sinto um prazer todo especial em tomar um bom café da manhã. Biscoito granolar, bolo de fubá, suco caseiro de laranja, café sem açúcar ou café com leite. Pão francês, pode ser, mas com os queijos (minas ou prato), ou ambos, dependendo do bolso. Quando a coisa está boa, no bolso, geleia de uva no biscoito, manteiga no pão, quindim ou brigadeiro... Quando não, pão com margarina mesmo e o café, à carioquinha. Prato servido. Sem TV, uma música de fundo, no máximo. Os talheres, a fome; pronto.

Faço questão da xícara, sim, porque café precisa ser sorvido em xícara. Absolutamente, uma necessidade. Coisa insuportável é tomar bebida quente em copinhos de vidro. O calor escapa, a mão esquenta....

À apreciação, com satisfação.

Eu gosto de degustar devagar, com aquele brilhar de Sol amarelo e suave entrando pela janela. Vejo as nuvens brancas e o céu limpo, azul. Principalmente agora no Outono – Estação abençoada – Tudo aparentado em maior garbo.

... posta a mesa, a música de fundo, o reflexo da luz nos pratinhos, o gosto das coisas... Penso um algo ou outro, mas apenas de ligeiro, sem arrefecer a mente no espírito. Quando desfrutar, é bom desfrutar epicúrio, é como julgo. Cala-te estóico espírito!

[...]

... Os pratos acabam e ficam os farelos. O Sol mais quente, transbordar, e o relógio: faz-se ato. Os pensamentos crescem: [“Vá!”, diz Sêneca, e Epicuro corre longe]: Na rua a massa humana parece acordar. É carro, é gente, é buzina de bicicletinha, é preciso lavar as coisas, seguir a vida.

[...]

Então o silêncio aparece, surge, é percebido. Você fica ali sentado, tomando forças, olhando para os móveis vazios. Você pensa:

“Seria bom acordar com outro leito, mas por gosto. Entre os lençóis revirados, sem a principal motivação da embriaguez ou da volúpia vulgar. Pagar amar com amar”.

Então lamenta não ser menos complexo, por dentro. Infelizmente, por fim, a digestão será ruim.

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