domingo, 12 de setembro de 2010

O alquimista

Permanecia imerso em suas clavículas, sentenças, banimentos, evocações e rituais codificados. Livros e mestres velhos. Materiais extremos, transmutação do ser específico e ascensão ao Uno. Com suas roupas farroupilhas, seus cabelos revoltos, suas olheiras grossas. O sacrifício da matéria pela purificação da mente, uma vida de evolução interior.

Na porta, os velhos ruídos retornavam mais fortes. Os demônios de Santo Antão, imaginava ele. E resoluto penetrava a Senda, mas quando já encontrava o Santo Guardião, quimeras azuis entraram em seu quarto lacrado, tomaram-no de si. Por espaços caóticos, carregado por mundos de luzes variadas e calafrios, miríades distantes... Enfim as grandes montanhas pretas com picos brancos, enfim o grande castelo de pedra, enfim o reino branco.

[...]


Permanecia o louco aquietado em seu quarto separado, no sanatório. Poder-se-ia afirmar que levava bem: Sem jamais reclamar, sem jamais causar rebeldia, sem jamais alterar seu temperamento.

Alcançara a Pedra Filosofal: Já não estava no mundo, estava em sua paranóia.

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