domingo, 12 de setembro de 2010

Ficção Transgressional

Quando pergunto a algum amigo meu de rebeldia juvenil, se conhece Feliz Ano Novo ou Mandrake, responde desconhecer. Porém, o mesmo leu e viu Fight Club. Efeitos colaterais da Globalização.

Não que Chuck Palahniuk não seja por merecimento o maior nome e idealizador dessa forma literária chamada por ele de Ficção Transgressional; mas, e é bom saber, não foi o primeiro e seus seguidores hoje não serão os últimos. Exemplos forçados podem ser forjados nos satiristas antigos, ou em alguns autores como Rabelais, Sade ou mesmo Erasmo de Rotterdam.

Pessoalmente, vejo na obra de Octave Mirbeau um exemplo claro e de excelente qualidade de Ficção Transgressional. O jardim dos suplícios, em muito, é mais "belo" do que qualquer outra obra do gênero*. Meridiano de Sangue, do também americano Cormac McCarthy, não seria um caso idêntico?

Aqui temos Rubem Fonseca. Temos o Cobrador contrapondo Tyler Durden. Já me agradaram muito os nuances psicológicos doentes de tipos como Tyler Durden, esses fluxos de consciência de distorção e medo, mas hoje a objetividade mórbida do primeiro me parece mais interessante. E mais, como no mais, criado no Brasil, o Cobrador apresenta humor. É tanto patético quanto genioso, sem verter ao subjetivismo. Ama e odeia, e tanto vítima - de si mesmo, da sociedade - quando culpa. Não seria a Ficção Transgressional mais um remédio amargo do que um jogo pernicioso? Tanto faz... O relevante é o efeito. Catártico.

Vi hoje mesmo um cadáver de cão. Lançado ao chão. Fétido... Impressionante.

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