domingo, 12 de setembro de 2010

Terror e desespero.

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Se ao menos minha alma covarde sobrepujasse os abismos de meu desespero eu saciaria raros momentos sem terror. Eu correria em verdes campos, eu saltaria em brancos lagos; meu caminho não seria esse chão árido que sangra meus passos. Eu não desejaria tal quão sede o meu próprio fim. Meu perecer, minha liberdade.

E em meu desalento, eu amaldiçoo meu nascimento - "Natimorto nasci, e aos sepulcros retornarei". E em meu desalento transgrido minha carne em excessos, e em meu desalentar blasfemar minha razão. Em desalento louvar sofrimentos, vivê-los, amá-los. Amar o sofrimento, detestar de si. Em desalento, perder a si mesmo para derrotar o mundo. Em seu desalento, fazer das próprios ruínas alabastros. Encontrar por fim no desalentar um cálice amargo, e enquanto ama o sofrimento, persiste em sacrifício, em vida.

E de fora indagam aqueles que não conhecem esses mistérios - "Alimentando-se de ilusão, não estaria nutrindo seu próprio veneno, da cura a exalação da doença?"

E em prantos, responder: Mea culpa, mea culpa!

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