sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Nós, os doentes

Dizia-se nos tempos de antanho ser a concretude uma idealização do Abstrato. Pensamos alhures ser o abstrato a idealização do Concreto. Palavrório.

Disse certa feita um fisicista de feitio marrano, "Dom Ramon" (Sir Ramon), em Da materialidade do Abstrato, que estariam associadas as elucubrações da mente com os estados de humor e a rotina emocional do sujeito. Coisas recreativas para um estado enfermo...

Daqui, de nossas dores musculares agudas - Não estamos faz mais de mês sofrendo dos rins? - enferrujando feito ferro velho, com nossos olhos doloridos, com nossos dedos inchados, pés dilacerados... Gostamos muito de diagnosticar. Veja um verso meu, ruim, embora cheio de espírito (feito todo verso ruim):

"- A cura de tudo, por tudo, quem paga?
Cura da morte, do tédio, da dor.

- Não pago. Quem seria, então,
meu credor?"

Os velhos doutores nada sabem, os novos menos, os do futuro terão lá suas próprias mentiras. Nossa cama porém quente deve estar, caso o juízo tenha angariado fundos, de matéria e essência.

Mas, enfermo, cá estou

Cama macia, alma vazia.



"This light and darkness in our chaos join'd"
.
Alexander Pope

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